sexta-feira, 18 de maio de 2018

DONA SÔNIA MAYNART - ÍCONE DA HISTÓRIA ORAL, COMPLETOU 81 ANOS

No dia 15 de maio (mês do aniversário de emancipação do município) de 1937, nascia, em Maruim, Sônia de Souza Maynart, filha do dono da antiga fábrica Hanequim e de Emerentina de Souza Maynart, -dona Mimosa (1915-2006).

Fotografia: Acervo Hefraim Andrade


Dona Sônia veio duma família abastada. Estudou num colégio interno em Aracaju, onde recebera mui boa educação. Em Maruim, lecionou no antigo Ginásio Maruinense (atual Felipe Tiago Gomes). - Estava praticamente presente quando puseram sua pedra fundamental. Conheceu Josias Vieira Dantas, o senhor Pedro Iroíto Dória Leo e outras tantas personalidades. É apaixonada por filmes e apreciadora da boa música. - Sempre conta-nos sobre antigas músicas, bandas e grupos musicais; inclusive, ela é considerada hoje a madrinha da Filarmônica Euterpe Maruinense e dificilmente perde uma de suas apresentações.
Aqui na cidade, tanto idosos como boa parte da nova geração, conhecem-na muito bem, uma vez que tem uma vida religiosa  e secular ativas: Sempre vai às missas e volta e meia é chamada para contar as suas memórias em alguns colégios. Chegou também a receber algumas homenagens e honras. Eis duas delas: No ano passado (28/04) foi lançado pela UNIT, o livro Educadores de Sergipe à luz da República (1911 - 1971): Reconstruindo Trajetórias, onde conta um pouco de sua biografia e descreve seu legado, como educadora, no Estado. Em 30/11, recebera da Academia Maruinense de Letras e Artes - AMLA, uma medalha de honra ao mérito. É mais do que notório que a professora, hoje aposentada, é um grande ícone da história oral e que já  tornou-se patrimônio da cidade de Maruim e que merece o nosso respeito e a nossa consideração. - Eu mesmo costumo visitá-la sempre para inteirar-me sobre muitos assuntos e acho que os jovens deveriam fazer o mesmo; não sabem o que perdem! Dela não provém conversas chatas ou monótonas, pois, além de ter uma fina educação é uma alma sensível para com a cidade e muitíssimo animada. -Parabéns dona Sonia Maynart!

Para concluir, faço menção a um dos muitos Preceitos existentes no meu livro Sagrado, a Torá, que é, sem dúvida, um bom princípio o qual pode ser aplicado e praticado por qualquer ser humano, que transcende toda e qualquer barreira étnico-religiosa e que pode ajudar a melhorar a nossa sociedade, que infelizmente vem sofrendo com a escassez de Ética e de bons padrões morais:



לב מִפְּנֵ֤י שֵׂיבָה֙ תָּק֔וּם וְהָֽדַרְתָּ֖ פְּנֵ֣י זָקֵ֑ן וְיָרֵ֥אתָ  
                                     "Diante de pessoas idosas te levantarás e honrarás as faces do velho ..."



-Até a próxima.




domingo, 29 de abril de 2018

#VAITERKIPÁSIM!

Guten morgen ("bom dia" em alemão). Estamos iniciando este al-had (domingo)  
e quero, com muita vontade, transmitir-vos o que ocorreu na Alemanha na última quarta-feira (25), que infelizmente é a realidade de outros países e que pode tornar-se, se não tomarmos uma atitude, a realidade do Brasil.

No país europeu, milhares de alemães usaram kipot (plural. chapéus religiosos judaicos), sobre a cabeça, numa passeata pelas ruas de Berlim, para protestar contra o antissemitismo, após ataque contra um jovem que usava o adereço. A passeata influenciou a outras cidades alemãs que aderiram ao nobre manifesto, como também influenciou a políticos e meios de comunicação.

Ontem mesmo, indo a caminho de casa, ouvi, enquanto passava ao lado da Avenida Horácio Martins, no centro de Maruim (SE), o grito -“bispo!” - Emitido por alguém, após ter visto a minha kipá. -Olhei aquilo e continuei o meu caminho. - Não é a primeira vez em que passo por situações semelhantes. Percebo que há pessoas que incomodam-se muito por conta dela. Porém, não deixarei de usá-la por isso! Muito pelo contrário! Passarei a encomendar kipot cada vez mais diversificadas; de vários tamanhos e cores. -Sou adepto da filosofia de que se alguém reclama de algo justo que faço, procuro fazê-lo duas vezes mais e prosseguir fazendo-o (por tesa)! Entendo que ou aceitam-me do modo que sou ou que infartem! Faz-se necessário lutar por aquilo em que acreditamos!  Em contrapartida, não podemos de modo algum, desprezar que, aquilo que sucedeu na Alemanha, é um alerta para todo o mundo, onde, há  79 anos, viveu sob o temor da ameaça nazifascista. Por isto, não tiremos nossas kipot! Não tireis os vossos turbantes, cruzes e demais símbolos éticos e/ou religiosos! -É isso que esses neonazistas querem! Não abandonemos o nosso modo de ser ou de vestir apenas porque incomoda a alguém!

Espero que o que escrevi aqui possa alertar-vos de alguns perigos que não estão restritos apenas à Deutschland (Alemanha), a saber, a intolerância e o racismo. Não tenhamos tolerância para com eles! Denunciem! Hoje contamos com 100 (Secretaria dos Direitos Humanos) e com o 181 (Disque-Denúncia). -Quanto a mim, que sou judeu, já adotei à Campanha #VAITERKIPÁSIM! -E vós? Podeis dizer/fazer algo semelhante, que seja adequado à vossa etnia/religião?!

Aproveitem bem o dia.

Autor do texto usando sua kipá - Acervo de Hefraim Andrade


Fonte:

https://brasil.elpais.com/brasil/2018/04/25/internacional/1524666463_298666.html




quinta-feira, 12 de abril de 2018

UM DIA PARA FICAR NA HISTÓRIA - TÚMULO CENTENÁRIO SERÁ RECONSTRUÍDO NO CEMITÉRIO CRUZEIRO DO NOVO SÉCULO


Na fotografia, da direita para a esquerda: A professora Lúcia Marques , o senhor Aroldo Firpo,
o jornalista Lohan Muller e eu. Fotografia de Aroldo Firpo



É com muito contentamento que anuncio que a campanha que estou fazendo para preservar os túmulos centenários do cemitério Cruzeiro do Novo Século, em Maruim - Sergipe, a qual intitulo: #Salvemosonossocemitério, ganhou proporção ontem (11/04).

Desde o ano de 2010 que venho preocupando-me com a causa do Cemitério. Há algum tempo venho catalogando alguns túmulos e lápides e passei a perceber que, às vezes, alguns túmulos estavam sendo depredados e outros literalmente desapareciam, -talvez os mortos, ali enterrados, teriam cansado da situação de Maruim, como eu também estou, e tivessem ido em bora de Uber (fica a interrogação). Continuando, em meus constantes passeios por lá, havia encontrado o túmulo de João Firpo, um importante comerciante italiano que morreu em Maruim em 1899. - Fiquei demasiadamente impressionado com aquilo que vi e resolvi estudá-lo e preservá-lo, para que os maruinenses do futuro pudessem ter conhecimento disto. Entretanto, não sabia eu que um tetraneto seu, a saber, Aroldo Firpo, que mora nos Estados Unidos, estava a pesquisar a história do seu ancestral bem como de sua família. Comentei, então, com a professora e pesquisadora da UNIT, Maria Lúcia Marques Cruz e Silva, que havia descoberto este túmulo peculiar. A professora então procurou ter contato com aquele familiar, nos EUA, que sem que esperasse, enviou-me uma mensagem do país, avisando que viria ao Brasil no dia 09/04. Na mensagem disse:

 "Bom dia Hefraim. Sou Aroldo Firpo. Descendente de João Firpo que está enterrado no cemitério de Maruim. Não moro no Brasil mas estarei em Maruim na quarta-feira, dia 11/04. Gostaria de encontrar-me com você."

 Nem sei descrever a minha reação naquele momento! Fora indizível! Ao chegar aqui, em companhia de sua advogada, fomos ao Gabinete de Leitura de Maruim, onde expôs-nos alguns documentos e sua árvore Genealógica, a qual possuía nomes até do século XVIII. Após isto, seguimos para o Cemitério local, onde foi firmado o acordo que muito alegrou-me. - O senhor Aroldo havia anunciado-nos que financiaria toda a reconstrução do túmulo. Em breve ele estará em boas condições para ser visto naquele Museu a céu aberto! 

Aproveitando, quero informar também, que Ishallá o túmulo será devidamente zelado, pois, enquanto eu estiver vivo e morando em Maruim, cuidarei dele e de outros de igual valor. Porque a nossa história também é contada através dos mortos e por seus túmulos e lápides. Não podemos tratar o jazigo de um falecido como se não fosse nada! No túmulo do senhor João Firpo, ou melhor, Giusepe Firpo, seu nome original, há a seguinte inscrição em Latim: "Dona Ei Requiem" - "Dá-lhe Descanso".  - Demos pois, um descanso digno aos sepultados em Maruim!



Nós no túmulo do senhor João Firpo.
Fotografia de Aroldo Firpo.


Por Hefraim Andrade.



domingo, 28 de maio de 2017

ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE O GABINETE DE LEITURA DE MARUIM

CONFLITOS


O Gabinete foi e é uma Luz, e como toda a Luz dissipa as sombras, seus habitantes e amantes talvez o odiassem no passado.

A Luz a que me refiro é o Conhecimento e a Sabedoria -, atributos que o Gabinete de Leitura de Maruim fundado em 19 de agosto 1877 possuía, incorporados em diversas formas e inclusive em um símbolo seu[1]. Em contra partida a ignorância, a tirania e a intolerância (as sombras), são consequências da ausência desta Luz, que raiou numa terra cercada por manguezais e que cresceu e frutificou estendendo seus ramos até a Europa, atraindo para si prosperidades financeiras e intelectuais.

Como disse a princípio, a Luz dissipa as sombras e isso não é um processo fácil para aqueles que nela habitam, pois seriam capazes de lutar até a morte para continuar na escuridão, uma vez que a Luz lhes é danosa, pois não estão acostumados com ela! Há também aqueles cujas sombras lhes são convenientes! - Estes são aqueles que usam da ignorância e simplicidade das maças para seus  particulares e as vezes sórdidos interesses!

Há um tempo passei a especular dentro de mim: Quantos problemas devem ter surgido com a criação do Templo de Luz[2] -, que era outo nome para o Gabinete, dado por Joel Aguiar. Eu tentava compreender com o auxílio da história que impactos teriam causado em Maruim no contexto sociopolítico da segunda metade do século XIX  numa pequena e apartada cidade nordestina que, como outros exemplos, tendia a ser extremamente influenciada pela Igreja e pelo Velho Regime de latifundiários escravagistas que não estavam dispostos a perder seus status e privilégios.

Não que tenha tido um impacto tão absurdo, mas as ideias “francesas” que outrora derrubaram o Absolutismo francês no final do século XVIII, ou mesmo o Iluminismo que valorizava a razão, não eram ideias bem vistas por uma parte da sociedade maruinense da época, por conta das fortes influências católicas que tivemos desde o processo colonial, tanto sergipano como brasileiro, influências que nos afetaram e marcaram profundamente, das quais ainda temos forte herança! - É por isso que ouso dizer que se os portugueses, ou mesmo Roma não tiveram tolerância para com os índios, que eram os habitantes originais da terra, ou mesmo para com os judeus que aqui se refugiaram, antes perseguindo-os e massacrando-os, teriam tolerância com um ambiente frequentado por muitos maçons e Liberais? – Obviamente que não! E principalmente se levarmos em conta a Questão Religiosa de 1864 (vejam a Contribuição Maçônica em Maruim Parte II nos arquivos do meu blog). - O mesmo ocorre com os Conservadores em seu conflito contra os Liberais. - Há registros deste conflito  aqui em Maruim[3]! - Um exemplo claro foi o caso de Manoel Teles Nogueira Cravo[4], que foi ex-chefe da redação da Revista Literária do Gabinete, transferido de Maruim para trabalhar em Laranjeiras por conta de perseguição. Acerca disto seguem-se os seguintes relatos:

“Ao discursar sobre moral e justiça, Cravo demonstrou algum tipo de ressentimento porque as autoridades tentaram afastá-lo do convívio do GLM e da sua Revista.”
“Cravo, na posição de um Liberal, defendia os ensinamentos não apenas sobre a égide do catolicismo, mas também de uma educação religiosa (qualquer que fosse ela) para a vida do cidadão”.

(CRUZ E SILVA, Maria Lucia Marques. Revista Literária do Gabinete de Leitura de Maroim (1890-1891): subsídios para a história dos impressos em Sergipe. São Cristóvão. 2006. Página 167).

Esta última abordagem é típica dos ideais maçônicos que presam pela na liberdade de culto, o que evidencia que o próprio poderia estar inserto numa loja. Há também como prova das insatisfações para com o Gabinete o relato no discurso de Joel Aguiar em 1927:

“Em 1877, nasceu à ideia de se fundar aqui uma biblioteca e em agosto desse ano ela se realizou. Estais a pensar que se fundou o Gabinete de Leitura entre sorrisos de contentamento?” (...).
(AGUIAR, Joel. TRAÇOS DA HISTÓRIA DE MARUIM. 2004. Pág. 132).

 Se analisarmos direito,  podemos chegar à conclusão de que o que realmente aconteceu foi motivado pelo medo de um ou mais grupos de perderem seus privilégios. Reagiram arbitrariamente frente ao que consideraram ser uma ameaça; ameaça que os Conservadores e fanáticos católicos da época interpretaram como Liberalismo, movimentos republicanos e “abominação a santa fé”, o que não deixou, em sua natureza, de ser um conflito!

Sobre a natureza do Conflito ele é uma profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes, um choque entre elas, mas em que o conhecimento fere alguém?! Deduz-se que se alguém se opõe ao esclarecimento de uma população é porque teme perder o apoio desta ou porque teme que, havendo uma população esclarecida, um sistema ou uma alienação seja extinta, o que acarretaria na perda de muitos privilégios! Será que este foi motivo pelo qual o Barão de Maruim, um Conservador e grande latifundiário, não apoiou a Sociedade Literária que viria a se tornar o Gabinete de Leitura?! - Sabe-se que não quis assinar a sua ata de fundação[5], e como era representante do regime monárquico e fiel católico -, o que significava que estava debaixo dos ditames da Bula Syllabus[6], jamais pisaria no Gabinete de Leitura!

Uma coisa interessante de se saber é que mesmo que quisessem impedir o progresso intelectual, este jamais poderia ser interrompido aqui em Maruim,  porquanto era um importante centro comercial na época, além de que, com a presença de muitos estrangeiros de diferentes nacionalidades, isso seria uma tarefa muito difícil inda mais se levarmos em conta o fato de ter havido aqui cerca de sete consulados -, o que ligava de certa forma Maruim como o mundo, e tentar interromper esse progresso seria o mesmo que dar socos ou golpes em pontas de facas!

Nos dias atuas os antigos Centros ou Polos difusores de conhecimento perderam muito espaço com o advento de inúmeras tecnologias, sendo a maior delas a Internet, - meio que liga o homem com o mundo de maneira absurda, o que fez com que espaços como o Gabinete de Leitura de Maruim, representante de um período revolucionário, não pudesse causar mais o mesmo impacto que causara noutro tempo. Porém, isto não significa que não tenhamos mais em nossa sociedade local problemas com a ignorância, intolerância, tirania, etc. Que são as “trevas” deste século; faz-se necessário que estes espaços além de figurarem como acervos históricos ou mesmo como museus, desenvolvam seu papel de ofertar a comunidade o esclarecimento, assim como à difusão do Conhecimento, estimulando a contemplação do Saber das melhores formas possíveis. 

Em fim, quero finalizar este texto sobre conflito dizendo  -"Lux!", palavra do latim, que significa“luz”. da raiz indo-europeia "leuk"- brilho. 






Por Hefraim Vieira Andrade 










[1] https://fontesdahistoriadesergipe.blogspot.com.br/2014_04_01_archive.html
[2] AGUIAR, Joel. TRAÇOS DA HISTÓRIA DE MARUIM. 2004. Pág. 132
[3] CRUZ E SILVA, Maria Lucia Marques. Revista Literária do Gabinete de Leitura de Maroim (1890-1891): subsídios para a história dos impressos em Sergipe. São Cristóvão. 2006. Pág. 59
[4] CRUZ E SILVA, Maria Lucia Marques. Revista Literária do Gabinete de Leitura de Maroim (1890-1891): subsídios para a história dos impressos em Sergipe. São Cristóvão. 2006. Pág. 167
[5] CRUZ E SILVA, Maria Lucia Marques. Revista Literária do Gabinete de Leitura de Maroim (1890-1891): subsídios para a história dos impressos em Sergipe. São Cristóvão. 2006. Pág. 58
[6] https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/questao-religiosa-igreja-e-estado-entram-em-conflito.htm

Outras Fontes:

CRUZ E SILVA, Maria Lúcia Marques. Inventário Cultural de Maruim. Edição comemorativa aos 140 anos de Emancipação Política da cidade. Aracaju: Secretaria Especial de Cultura, 1994.







sexta-feira, 23 de dezembro de 2016

PECULIARIDADES NO CEMITÉRIO DE MARUIM.

UMA LÁPIDE DIFERENTE

Entrar no cemitério de Maruim é, além de outras coisas, ter um encontro com a história e com a arte. -Nunca pensei que encontraria, no lado direito, próximo à entrada, um túmulo com cores que fugiam do padrão e com um epitáfio tão incomum!Tudo aconteceu numa das minhas visitas ao cemitério local, o Cruzeiro do novo século; como sempre, fui observar as antigas lápides, bem como seus respectivos epitáfios. Muitas destas lápides são centenárias, algumas, possuem interessantes e até suntuosos detalhes esculpidos em mármore. Todavia, encontrar uma como a que me referi acima, não poderia deixar de me causar surpresa, pela peculiaridade. -O epitáfio? -“Exército Brasileiro Herói .Herói".
Nos dias de hoje dificilmente ouvimos este termo desvinculado dos desenhos animados ou dos inúmeros filmes que são febre nos cinemas. Todavia, houve um tempo em que o termo tinha peso, e ser herói era menos fantasioso e mais realista. -O tempo? -A Segunda Guerra Mundial, quando o Brasil deixou sua neutralidade para lutar contra os países do Eixo. -O local?- a Itália. O protagonista?-Zacarias.
Zacarias Isidoro Cardoso, era filho de Joaquim Menezes Cardoso e de Maria Antonieta Cardoso, nascera em Maruim no dia 02 de janeiro de 1923. Aos 20 anos integrou-se ao Exército brasileiro, servindo à Força Expedicionária Brasileira (FEB) para lutar contra o nazismo e contra o fascismo na Europa. Embarcou em janeiro de 1944. Ariscou a vida em missões de alta periculosidade, como avançar em campos minados à frente da tropa para que esta pudesse seguir segura. Por seu país receberia vários ferimentos em combate: Um tiro que quase o matou, deformações nas mãos e no tórax, e a perda de um dos pulmões. Zacarias certa vez declarou que decidiu ir à guerra depois de ter presenciado o bombardeio por parte de um submarino alemão a dois navios brasileiros na costa sergipana, isto em 1942. Zacarias era um homem abnegado e corajoso, chegou a ser condecorado com a Medalha de Sangue do Brasil, por ter sofrido graves ferimentos em combate, entre outras. Podemos ver seus méritos também através de um depoimento de um maruinense que vivera no então período (eu tive a oportunidade de conhecê-lo na infância):
Na época da guerra sofri muito. Peça a Deus para nunca ver uma guerra. ZACARIAS embarcou logo, foi um ‘herói voluntário’, enquanto muita gente se escondia. O meu pelotão seria o próximo a embarcar na estação ferroviária. Foi quando veio um rádio avisando que a guerra tinha acabado (lágrimas)."Set. 1990. Edson Lemos (Decinho) -69 anos.
Depois de ter vivenciado tanta coisa, nosso protagonista faleceu a 25 de dezembro de 2011, num natal, aos 88 anos. Seu sorriso nas fotos meio que estimula aos mais jovens a lutarem por aquilo que é certo a se fazer bem como por aquilo em que se acredita, e que, em tempos difíceis, a coragem pode manifestar-se quando o vantajoso é se calar e não se envolver. Concluo dizendo que está lápide não é a única surpresa a ser encontrada ali. No cemitério de Maruim, as lápides são convidativas, possuem curiosidades e segredos inimagináveis! Vale a pena conferir. Eu estimulo a visita, as pesquisas e o estudo. - Na lápide colorida ? - um herói. -No epitáfio? -As honras merecidas! Maruim tem história!

Nas fotos: 1.A lápide do sargento Zacarias 2.Sargento Zacarias



Por Hefraim Vieira Andrade

Fontes:
http://www.infonet.com.br/noticias/cidade//ler.asp?id=122211
http://www.coisasdesocorro.com.br/2013/09/zacarias-um-verdadeiro-heroi-sergipano.html

CRUZ E SILVA, Maria Lúcia Marques. Inventário Cultural de Maruim. Edição comemorativa aos 140 anos de Emancipação Política da cidade. Aracaju: Secretaria Especial de Cultura, 1994.